A prosa de hoje é sobre meninas de atitude. Como eu sei que somos a maioria, chega no post, amada, porque a prosa é com você!
Sempre fui levada da breca. Qualquer moça, maior e vacinada, que tomou a vida nas próprias mãos e que corta um dobrado para dar conta dos equilibrismos do seu dia a dia, também foi... e é. Sendo assim, como esperar de nós uma atitude diferente com relação ao sexo e aos meninos homens que vestem azul, ou a cor que lhes der na cabeça? Não, né? Como já cantou em verso e prosa a nossa querida Tia Rita Lee – estamos na torcida, viu Musa? – brincar de médico é SEMPRE melhor do que brincar de boneca.
Honestamente, não sei e pouco me importo em saber, qual a opinião masculina sobre as mulheres que partem para o ataque, invertendo o jogo da conquista. Já se foi o tempo em que a exclusividade da caça pertencia ao macho alpha. Me ajuda. Queimamos sutiã o suficiente para não sermos mais tratadas como mostruário em vitrine de louça, ou carne no açougue. Nada que se compare, é claro, à nossa própria carne queimada nas fogueiras da inquisição ou virando estatística de feminicídio. Aliás, são estes tristes números que ainda tornam esse tipo de reflexão necessária.
Mulher que convida pra sair e que paga a conta do restaurante e do motel, nada mais é do que a pessoa que convidou. Qual é o problema?! Pensa no contrário. É o fim da picada ser convidada e ser constrangida a dividir as despesas em nome de direitos iguais. Velho, isso é falta de educação. Se o cara não tem dinheiro, que não convide! Chama pra rachar uma pizza ou ir ali dividir uma coca. Qual a dificuldade, né, Mores? Bom, a dificuldade são séculos de uma masculinidade tóxica, que só serviu, como nós bem o sabemos, para tornar os homens criaturas extremamente frágeis. No quesito relacionamento moderno, sorry, homis. Mas aqui, autoestima é tudo!
Pelamordadeusa, não se contente com menos.
Eu sou de opinião que homem que se sente constrangido se a mulher toma a iniciativa do sexo, não merece a moça. Obviamente, não estou falando de assédio. Também aqui existe uma via de mão dupla, pois é igualmente nojento ser alvo de cantada chula no meio da rua, passada de mão na bunda e desrespeito ao direito inalienável de não estar a fim. No entanto, homens que depreciam mulheres, que arrotam regras a torto e a direito, que insistem num padrão machista ultrapassado, no meu entendimento, perderam o trem da história. O mundo é outro e as mulheres também. Não todas, infelizmente. Mas, uma grande e incrível maioria. Por isso, moças, a prosa de hoje também é um alerta. Deem-se ao respeito! Pelamordadeusa, não se contente com menos.
Tá bom, Rosa. Mas de que homem, afinal, estamos falando? Ora, Amora... Daquele homem delícia que cuida de você... que liga dizendo que comprou a bebida que você adora... que te diz que sentiu saudade... que te recebe bem vestido e cheiroso, só pra tirar a roupa pra você. O homem que te come “de acordo” e dorme peladinho, como a deusa o trouxe ao mundo, abraçadinho com você. E que, antes de pegar no sono, sussurra no seu cangote que ele é um sortudo pra caralho.... por ter uma mulher como você.
Suspiros.
Mas Rosa, onde tem um homi desses?! Amada, aí, na realidade, dando sopa no dia a dia, eu não sei não. Se tiver, me apresenta. A boa notícia é que aqui, na literatura, neste maravilhoso mundo rosa, se tem um camarada que é tudo isso e muito mais, é o galã deliciosamente delicioso de Apenas por Hoje. A delicinha do Kim Tan-woo. Tudo bem que a criança não é exatamente uma flor que se cheire e tem a maior pinta de ser um bandidão dos mais perigosos. Mas, em se tratando da Maria Laura... Hummmmmm. Ele é uma coisinha de tão fofo!
“Se fosse honesta, poderia contabilizar na cesta de lembranças “fofas” o fato de ter sido carregada casa adentro, nos braços dele, apesar da ira que afirmava sentir. Tinha sido igualmente fofo ele ir buscá-la lá embaixo, com toda a determinação do mundo, saindo no meio da chuva. E, antes ainda, ter preparado um banho de sais perfumados só pra ela! Mas, preferiu não incluir nenhuma dessas lembranças na cesta mnemônica de fofices by Kim Tan-woo. Segundo seus critérios de classificação, não tinham sido mais do que obrigação!
Agora... fofo mesmo, delicinha de verdade, tinha sido o leite quente, adoçado com mel, temperado com própolis e canela, que ele trouxera da cozinha, coberto com um pires de porcelana. O homem parecia um decorador, de tão sensível às texturas e aos detalhes! Depositou o copo no criado e com aquele vozeirão encorpado que, de repente, começara a eletrizar o ambiente, recomendou:
“– Bebe o leite, Maria Laura. Vai evitar que você se resfrie.”
E não foi só o leite quentinho e doce...! Ah, não! Ele mesmo, em pessoa e tanquinho, sumiu closet adentro para voltar, secador em punho, disposto a secar seus cabelos!
“– Não precisa, Kim... Tudo bem...” – foram suas primeiras palavras, depois da declaração de ódio. E, também aqui, ele não ligara a mínima! De pé, atrás dela, deu prosseguimento à empreitada hair stylist, direcionando o jato quente com cuidado, secando, separando os fios com os dedos, ajeitando seus cachos. A julgar pela destreza, poderia perfeitamente lhe fazer uma escova lisa, esticando seu cabelo sem precisar de chapinha!”
A chapinha é exagero, claro. Não podemos esquecer que naquele momento do romance, Maria Laura está entre a raiva e a sedução, sem saber direito o que fazer com o tesão de todo tamanho, que sente por aquele homem desbaseadamente bonito, que cuida dela com tanto carinho. A solução, Mores, não pode ser outra. Se fosse, o título do post e da prosa de hoje, não seria o que é. Nossa heroína, que é como você e eu, parte pra cima do Kim e “pega o moço” gostoso. Tem lá as suas dúvidas, é óbvio, porque é tão humana quanto qualquer uma de nós. Mas só não joga a pessoa contra a parede, abre e fecha e chama de gaveta, porque a criatura tem a autoestima lá nas nuvens e nenhuma dúvida sobre a própria masculinidade.
Caminhou o mais depressa que pode, enfrentando as imagens terríveis que cruzavam seus pensamentos, puxando-a para trás, para o conforto do “modo” de descanso, onde não havia riscos nem mudanças. Como um espírito obsessor, tomou forma a imagem da frieza com que Kim lhe tratara, durante e após o almoço. Descartada a frieza, seguiu-se a lembrança de que ele desistira dela e de todo o tesão que sentiam um pelo outro. Ignorada a desistência, foi a vez, até mesmo, da imagem de Átila traindo-a com uma loira siliconada de sobrenome pomposo. Bravamente, numa batalha explícita para exorcizar seus próprios demônios, obrigou-se a lembrar das palavras de Kim naquela mesma manhã, quando ele colocara em seu dedo uma aliança de casamento: “Por hoje... apenas por hoje”.
E ela repetiu as palavras para si mesma, como um mantra brilhando no meio da névoa:
– Por hoje. Apenas por hoje...
E abriu a porta. De uma vez.
Abaixo dela, no último degrau da escada, Kim Tan ergueu os olhos surpresos. Fixou-se na aparição repentina da mulher à sua frente, nos olhos injetados, na respiração suspensa. Reconheceu o perigo, instintivamente. Por instinto, recuou. Mas não foi rápido o bastante.
– La...– foi só o que conseguiu dizer.
Duas mãos o seguraram pelas dobras da blusa. Puxaram-no para cima. E a boca de Maria Laura cobriu a dele num beijo devastador... e surpreendente!
No começo, ele se assustou. Quase se desequilibrou, braços soltos no ar, procurando um ponto de apoio nas paredes. Mas foi só porque não entendeu, de imediato, o que aquilo significava. Quando compreendeu que Maria Laura se lançava sobre ele, exigindo-o, imiscuindo a língua úmida em sua boca, abandonando cada uma das ressalvas que deslindara até ali, Kim Tan não se fez de rogado. Venceu o degrau que levava até ela, estreitou-a junto de si, enfiou a mão em seus cabelos e correspondeu avidamente ao beijo.
Todos os pensamentos de Maria Laura desapareceram. Entregue à dança do “encontro-desencontro”, trôpega e afoita, rendeu-se ao carrossel de sensações pelo qual lutara. Corpo prensado contra a parede, disputando espaço com o vaso de plantas, oferecia boca e pescoço aos beijos, retribuía, mordia, aspirava com deleite o cheiro de homem que escapava dele, mistura de feromônios e perfume caro. Puxava a blusa branca para cima, sentia os músculos das costas nas pontas dos dedos, cravava as unhas na pele exposta às mãos, gemia ao sentir os seios sugados pela boca morna, busto erguido, ofegante, seminua e atarantada, coberta de beijos e de saliva, dedos urgentes puxando a cabeça dele para junto dos seios, correndo freneticamente entre os cabelos lisos...
Kim Tan a ergueu do chão. Segurou-a pela bunda e pela perna, num daqueles gestos de exibição de força masculina. Beijando-a, sem desgrudar a boca da sua, prensando o peito largo contra seus seios, entrou com ela na casa de hóspedes e fechou a porta com o pé. Só parou no hall, demonstrando ali um resto, ainda que ínfimo, de incerteza. Empurrou a bunda de Maria Laura para baixo, para que ela sentisse a ereção duríssima pressionada contra suas nádegas. Perguntou, rouco de desejo:
– Você tem certeza? Se eu te levar pra aquele quarto, Maria Laura, não tem volta!
Ela olhou dentro dos olhos dele. Braços enroscados em seu pescoço, pernas cruzadas em suas costas, rebolou com gosto em cima da pica mais espetaculosa que já tinha visto, frente a frente, em toda a sua vida!
– A gente transa hoje, Kim Tan, até se você não quiser!”
E depois, Rosa, o que acontece? Uai, amora, um encontro de arrepiar os cabelos do relógio e beliscar azulejos. O que, aliás, desejo pra você, de todo coração, neste 12 de junho. Solteira ou acompanhada, você merece um namorado delícia, pra pegar gostoso nesse e em todos os dias da sua vida! Impresso ou em e-book, Kim Tan já está esperando por você. Leva o moço pra casa, amora...
Beijoooooos da Rosa.
E até a próxima prosa!
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